MARIA E A ERUDIÇÃO CATÓLICA
Pr. Glauco Barreira M. Filho
Nós,
evangélicos, amamos Maria, mãe de Jesus, como nossa irmã em Cristo, mas não a
consideramos como “Mãe da Igreja” nem a invocamos para solução dos nossos
problemas ou para melhorar a nossa condição eterna diante de Deus.
Nós
achamos estranho que os católicos invoquem Maria (ou qualquer santo), pois
praticamente todas religiões entendem que somente Deus é o destinatário das
orações e do culto. Era ilógico até para os pagãos cultivar uma devoção
religiosa para com alguém que não fosse divino em algum grau. Pensar diferente
em um contexto monoteísta seria um retrocesso.
Acredito
que todos os evangélicos têm a curiosidade de saber até que ponto os eruditos
católicos sabem da gravidade de seu erro. Para exemplificar um caso, eu
gostaria de citar trechos de um livro católico publicado pela Editora Paulus.
Para revelar a minha ausência de preconceitos, confesso que adquiri esse livro
em uma livraria católica que da qual sou “freguês”. Trata-se da “História das
Heresias” de Roque Frangioti (Pós-graduado na Fac. N. Sra. Da Assunção em SP,
Ex-Diretor do Instituto Teológico São Paulo – ITESP, Doutor pela Universidade
de Ciências Humanas de Estrasburgo-França, Autor de vários livros pela Editora
Paulus). Não farei comentários. A conclusão será do leitor. Eis as citações:
“Até
o século V, não havia ainda um culto oficial a Maria, mãe de Jesus... Até
então, para muitos pais da igreja, o título ‘mãe de Deus’ não se podia fundar
biblicamente. Ao contrário, certos textos bíblicos não favoreciam nenhum culto
ou fundamento histórico a um culto mariano. Em Mt 12, 48-49, por exemplo,
parece haver um rompimento em termos de parentesco carnal, relativizando a
maternidade carnal de Maria para dar ênfase ao parentesco espiritual entre os
membros da comunidade. Em Lc 11, 27-28, não se elogia Maria por ser,
propriamente, a mãe de Jesus, mas como aquela que crê e pratica a vontade de
Deus.” (p. 123)
“A
proclamação do dogma da maternidade divina, na cidade de Éfeso, parece ter um
significado profundo e está ligado a UMA TRADIÇÃO PAGÃ muito antiga. Dizem os
historiadores que o povo aguardava, ansioso, junto à basílica, o encerramento
do concílio. Quando se soube que os bispos conciliares reconheceram Maria como
verdadeira Mãe de Deus, o povo saiu jubiloso pelas mesmas ruas em que, quatro
séculos antes, havia-se produzido um grande tumulto contra o apóstolo Paulo
porque este se opunha a devoção pagã, ao culto da deusa-mãe Ártemis... A cidade
que outrora havia adorado a deusa-mãe Diana-Ártemis, cujo templo em Éfeso
estava entre as maravilhas do mundo, agora acompanhava os bispos conciliares
com tochas acesas, em meio aos aplausos e aclamações de alegria.” (p. 135)
“A
partir de Éfeso, Maria se torna a ‘deusa’ da fecundidade, do amor, da beleza,
da virgindade, a criatura mais nobre de todas que a história conhecera. Em
certas épocas, Maria ameaçou tomar o lugar do Filho no coração de muitos fiéis.
Epifânio nomeia uma seita Mariana, os Colliridiani, declarando que seus
adeptos celebravam, em nome de Maria, um culto constituído pela oferta de pão
sem fermento (cf. Ancoratus, XIII, 8). Em Haereses 78, 23; 79.1,
explica Epifânio que se trata de uma seita feminina ativa na Arábia, pelos fins
do século IV, que venerava a Virgem Maria como uma divindade; e em tal seita se
comungava uma vez por ano com o pão que lhe era oferecido sobre o altar.
“Sua
vida se cercou de muitas lendas sobre seu nascimento, sua consagração no
Templo, ainda como criança, sua ASSUNÇÃO corporal ao céu. O calendário
litúrgico foi-se enriquecendo de festas em sua honra. Foi-lhe consagrado um dia
por semana, o sábado. Depois, o mês de maio. Acrescentou-se, posteriormente, o
mês de outubro.
“Estudiosos
sugerem que tem significação associativa muito forte o fato de também a deusa
egípcia Ísis ser venerada como Mãe Universal e Rainha do Céu, e seu culto, que
perdurou até o século VI, ter sido o mais poderoso rival que o cristianismo
teve de enfrentar na competição por prosélitos, no Egito helenístico.
Pesquisadores da arte egípcia foram despertados e sensibilizados pelo fato
surpreendente de que as representações gráficas e esculturais de Ísis
mostravam-na segurando, no colo, o filho divino Horo, o que se tornou a figura
clássica da Madona e seu ‘bambino’ na arte cristã.” (p. 136).
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