Início

segunda-feira, 1 de abril de 2019

"O ANTIGO QUE PERMANECE NOVO": Reflexões cristãs para um mundo pós-moderno


MARIA E A ERUDIÇÃO CATÓLICA

Pr. Glauco Barreira M. Filho

            Nós, evangélicos, amamos Maria, mãe de Jesus, como nossa irmã em Cristo, mas não a consideramos como “Mãe da Igreja” nem a invocamos para solução dos nossos problemas ou para melhorar a nossa condição eterna diante de Deus.
            Nós achamos estranho que os católicos invoquem Maria (ou qualquer santo), pois praticamente todas religiões entendem que somente Deus é o destinatário das orações e do culto. Era ilógico até para os pagãos cultivar uma devoção religiosa para com alguém que não fosse divino em algum grau. Pensar diferente em um contexto monoteísta seria um retrocesso.
            Acredito que todos os evangélicos têm a curiosidade de saber até que ponto os eruditos católicos sabem da gravidade de seu erro. Para exemplificar um caso, eu gostaria de citar trechos de um livro católico publicado pela Editora Paulus. Para revelar a minha ausência de preconceitos, confesso que adquiri esse livro em uma livraria católica que da qual sou “freguês”. Trata-se da “História das Heresias” de Roque Frangioti (Pós-graduado na Fac. N. Sra. Da Assunção em SP, Ex-Diretor do Instituto Teológico São Paulo – ITESP, Doutor pela Universidade de Ciências Humanas de Estrasburgo-França, Autor de vários livros pela Editora Paulus). Não farei comentários. A conclusão será do leitor. Eis as citações:

            “Até o século V, não havia ainda um culto oficial a Maria, mãe de Jesus... Até então, para muitos pais da igreja, o título ‘mãe de Deus’ não se podia fundar biblicamente. Ao contrário, certos textos bíblicos não favoreciam nenhum culto ou fundamento histórico a um culto mariano. Em Mt 12, 48-49, por exemplo, parece haver um rompimento em termos de parentesco carnal, relativizando a maternidade carnal de Maria para dar ênfase ao parentesco espiritual entre os membros da comunidade. Em Lc 11, 27-28, não se elogia Maria por ser, propriamente, a mãe de Jesus, mas como aquela que crê e pratica a vontade de Deus.” (p. 123)

            “A proclamação do dogma da maternidade divina, na cidade de Éfeso, parece ter um significado profundo e está ligado a UMA TRADIÇÃO PAGÃ muito antiga. Dizem os historiadores que o povo aguardava, ansioso, junto à basílica, o encerramento do concílio. Quando se soube que os bispos conciliares reconheceram Maria como verdadeira Mãe de Deus, o povo saiu jubiloso pelas mesmas ruas em que, quatro séculos antes, havia-se produzido um grande tumulto contra o apóstolo Paulo porque este se opunha a devoção pagã, ao culto da deusa-mãe Ártemis... A cidade que outrora havia adorado a deusa-mãe Diana-Ártemis, cujo templo em Éfeso estava entre as maravilhas do mundo, agora acompanhava os bispos conciliares com tochas acesas, em meio aos aplausos e aclamações de alegria.” (p. 135)

            “A partir de Éfeso, Maria se torna a ‘deusa’ da fecundidade, do amor, da beleza, da virgindade, a criatura mais nobre de todas que a história conhecera. Em certas épocas, Maria ameaçou tomar o lugar do Filho no coração de muitos fiéis. Epifânio nomeia uma seita Mariana, os Colliridiani, declarando que seus adeptos celebravam, em nome de Maria, um culto constituído pela oferta de pão sem fermento (cf. Ancoratus, XIII, 8). Em Haereses 78, 23; 79.1, explica Epifânio que se trata de uma seita feminina ativa na Arábia, pelos fins do século IV, que venerava a Virgem Maria como uma divindade; e em tal seita se comungava uma vez por ano com o pão que lhe era oferecido sobre o altar.
            “Sua vida se cercou de muitas lendas sobre seu nascimento, sua consagração no Templo, ainda como criança, sua ASSUNÇÃO corporal ao céu. O calendário litúrgico foi-se enriquecendo de festas em sua honra. Foi-lhe consagrado um dia por semana, o sábado. Depois, o mês de maio. Acrescentou-se, posteriormente, o mês de outubro.
            “Estudiosos sugerem que tem significação associativa muito forte o fato de também a deusa egípcia Ísis ser venerada como Mãe Universal e Rainha do Céu, e seu culto, que perdurou até o século VI, ter sido o mais poderoso rival que o cristianismo teve de enfrentar na competição por prosélitos, no Egito helenístico. Pesquisadores da arte egípcia foram despertados e sensibilizados pelo fato surpreendente de que as representações gráficas e esculturais de Ísis mostravam-na segurando, no colo, o filho divino Horo, o que se tornou a figura clássica da Madona e seu ‘bambino’ na arte cristã.” (p. 136).

Nenhum comentário:

Postar um comentário