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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O DÍZIMO E OS PAIS DA IGREJA | Rev. Glauco Barreira M. Filho | Ref. Dia: 14.12.2016

A ignorância acerca dos Pais da Igreja é enorme entre católicos e evangélicos. Os católicos não atentam para o fato de que muitas expressões hoje usadas por eles tinham outro sentido na época dos Pais. Lutero fez questão de mostrar essa mudança de significações em seu tempo. Os evangélicos, por sua vez, não lêem os escritos dos Pais na íntegra e ficam confabulando com citações de trechos que encontram em livros e na internet. 
Há, por exemplo, evolucionistas teístas e defensores da criação em longas fases que citam a interpretação simbólica do início do Gênesis, defendida por alguns Pais da Igreja, para questionar a ocorrência da criação em seis dias. O que eles não percebem é que os Pais (Orígenes, Hilário, Agostinho e Jerônimo) acreditavam que Deus tinha criado tudo de uma vez[1] (não em milhões de anos) – Salmos 33: 6-9; Salmos 148: 1-6; Gênesis 2:4 - e a representação em dias era vista como um artifício literário para apresentar uma divisão dos seres criados em graus de complexidade. A eles, parecia desnecessário que Deus precisasse de qualquer tempo para criar.
Agora, a moda é citar os Pais para dizer que eles não criam no dízimo. A verdade, porém, é que eles acreditavam que as pessoas do Velho Pacto, por não terem um novo coração em Cristo, precisavam ter o dízimo como uma OBRIGAÇÃO. Na Era da Graça, por outro lado, somos livres da OBRIGAÇÃO do dízimo, porque, agora, com um coração regenerado, DAMOS VOLUNTARIAMENTE MUITO MAIS DO QUE O DÍZIMO EM GRATIDÃO.
Na visão dos Pais, nós saímos da OBRIGAÇÃO do dízimo porque fomos libertados da avareza que tornava o dízimo uma obrigação. Agora damos muito mais do que o dízimo, mas por amor. O modelo de Jesus para a igreja não é o dizimista, mas a viúva pobre que deu, sem que fosse obrigada, muito mais do que o dízimo. Na verdade, deu tudo o que tinha (Lucas 21: 1-4). Para aqueles que falam que dízimos e ofertas eram apenas da produção de gado e da terra, eis o relato de pessoas dando moedas nos cofres do templo. O dízimo e as ofertas não foram apenas para agropecuaristas, mas se adaptaram a moeda, quando ela ganhou maior expressão no mercado.
Conforme Irineu, Pai da igreja do século II, o verdadeiro cristão dá (voluntariamente, não por obrigação institucional) muito mais que o dízimo para a obra de Deus:
“Os judeus dedicavam os dízimos de seus produtos a Ele (Deus), mas os que foram libertados destinavam todos os seus bens à obra do Senhor. O dizimar é lei judaica que não se requer dos cristãos, porque os cristãos receberam a liberdade e devem dar sem constrangimento.” (Contra Heresias – 180 d.C. p. 18,2). 
Os cristãos seguem o exemplo de Jacó, que sem lei que lhe impusesse, deu o dízimo em gratidão pela provisão divina (Gênesis 28: 20-22). Notemos que Jacó não deu só o dízimo, mas disse que “certamente” daria o dízimo (v. 22). Isso significa que, pelo menos, o dízimo ele daria, ou, ainda, que o dízimo daria com certeza. O dízimo para o cristão, portanto, não é uma obrigação, mas um mínimo que serve de advertência contra a avareza. Os fariseus davam o dízimo (Mateus 23: 23), mas Jesus disse:
“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mateus 5: 20).
A igreja primitiva entendeu isso claramente. Irineu disse: “A lei não exigirá os dizimos de quem consagrou TODOS seus bens a Deus e deixou pai, mãe e toda sua família para seguir ao Verbo de Deus”.
Charles H. Spurgeon disse em seu sermão “Deus Ama o Que Dá com Alegria” (pregado na noite de quinta-feira, 27 de agosto de 1868): 
Muito foi dito sobre dar um décimo – dízimo – do ingresso ao Senhor. Sou do parecer que se trata de um dever cristão que ninguém deveria questionar nem por um instante. Se se tratava de um dever sob a lei judaica, é agora um dever muito maior sob a dispensação cristã. Mas é um grande erro supor que o judeu dava o dízimo somente. O judeu dava muito, muito, muito mais que isso. O dízimo era o pagamento que devia realizar, mas depois disso vinham todas as ofertas voluntárias, todas as várias doações em diversas épocas do ano, de tal forma que, talvez, ele dava um terço, ou certamente algo muito mais aproximado a isso, do que o dízimo. E é estranho que em nosso tempo, os seguidores de ídolos, tais como os hindus, também deem essa proporção de seus ingressos, envergonhando assim totalmente a falta de liberalidade de muitos que professam serem seguidores de Jesus Cristo... Vocês não estão sob a lei, mas sob a graça; portanto, não devem dar nem fazer coisa alguma para Deus como por compulsão, como se escutassem o velho chicote mosaico estalando perto de seus ouvidos. Vocês não devem se encurvar diante do Senhor como o filho de Agar, a escrava, como recém-chegados da Arábia e dos tremores do Sinai; vocês têm de avançar alegremente como alguém que veio do Monte Sião, como o filho da promessa: como Isaque, cujo nome significa riso; alegrando-se porque vocês são capacitados, favorecidos e privilegiados para fazer tudo por Quem os amou até a morte. Aquele que dá com alegria é um que dá de todo coração, e há uma maneira de dar de todo o coração, especialmente quando a oferta é a de seu tempo ou de seu serviço.”[2]
É importante notar que a igreja, na época dos Pais Apologistas, tinha duas contribuições. Uma para o trabalho regular da igreja e outra para os necessitados (postas no dia da ceia do Senhor debaixo da Mesa). Tertuliano (século II) estava falando da contribuição para os necessitados, quando disse: “Temos uma espécie de caixa, seus rendimentos não provem de quotas fixas, como se com isso se pusesse um preço à religião... senão em alimentar ou enterrar aos pobres, ou ajudar aos meninos e meninas que perderam a seus pais e seus bens, ou aos anciãos confinados em suas casas, aos náufragos, ou aos que trabalham nas minas, ou estão desterrados nas ilhas ou prisões ou nos cárceres”.
Justino (século II) também está falando da oferta para os necessitados, quando diz: “Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dão o que bem lhes parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade.”
Notemos que não se fala nesses textos sobre manutenção de missionários ou pastores, pois não era a contribuição para a obra, mas para os necessitados. Tertuliano e Justino estão falando do serviço das mesas, do diaconato.
Em relação à manutenção da obra, na parte dos deveres para com os ministros, o Didaquê (80- 140 A. D.) fala de dar SEGUNDO A LEI (uma referência ao dízimo como limite mínimo), dando oportunidade a que, se for oportuno a alguém, complete o valor dado em dinheiro com roupas e bens: 
“E Toma AS PRIMÍCIAS do dinheiro, das vestes e de todas as posses, segundo lhe parecer oportuno, e os dê conforme a lei.” (Didaquê, 13.7).
É claro que hoje em dia há problemas relativos à entrega do dízimo, dos quais eu destaco dois: o problema da motivação e o problema da igreja que recebe o dízimo. A teologia da prosperidade faz interpretação incorreta sobre o motivo para dar o dízimo e, por outro lado, o dízimo deve ser dado a uma igreja de governo congregacional e que defenda a sã doutrina. Mas isso é para outro artigo!

Aconselho aos que querem saber mais sobre o assunto para ouvirem um sermão explicativo no link seguinte: https://www.youtube.com/watch?v=DG06hJzX7bw
Rev. Glauco Barreira Magalhães Filho

[1] John W. Klotz. Studies in Creation. St. Louis: Concordia Publishing House, 1985, p. 68.
[2] https://www.projetospurgeon.com.br/2013/05/deus-ama-o-que-da-com-alegria/

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Pensando biblicamente sobre o aborto | Randy Alcon | Ref. Dia: 08.12.2016


Alguns defensores do aborto afirmam que suas crenças têm a Bíblia como base. Eles afirmam que a Bíblia não proíbe o aborto. Eles estão errados. A Bíblia, de fato, proíbe enfaticamente a morte de pessoas inocentes (Êxodo 20:13) e considera claramente o nascituro como sendo um ser humano digno de proteção (21:22-25).

Jó descreveu graficamente a forma como Deus o criou antes de ele nascer (Jó 10:8-12). O que estava no ventre de sua mãe não era algo que poderia tornar-se Jó, mas alguém que era Jó—o mesmo homem, só que mais jovem. Para o profeta Isaías, Deus diz: “Assim diz o SENHOR, que te criou, e te formou desde o ventre, e que te ajuda” (Isaías 44:2). O que cada pessoa é, e não apenas o que ela pode se tornar, esteve presente no ventre de sua mãe.

Salmo 139:13-16 pinta um retrato vívido do envolvimento íntimo de Deus com uma pessoa antes de seu nascimento. Deus criou o “interior” de Davi, não no nascimento, mas antes do nascimento. Davi diz ao seu Criador, “tu me teceste no ventre de minha mãe” (versículo 13). Cada pessoa, independentemente de sua filiação ou deficiência, não foi fabricada em uma linha de montagem cósmica, mas criada pessoalmente por Deus. Todos os dias de nossas vidas são planejados por Deus antes de virmos a ser (versículo 16).

Meredith Kline observa: “O que há de mais importante a respeito da legislação do aborto na lei bíblica é que não há legislação nenhuma. Era tão inconcebível que uma mulher israelita pudesse desejar um aborto que não havia necessidade de mencionar esse crime no código penal”. Tudo o que se precisava para proibir o aborto era o mandamento “Não matarás” (Êxodo 20:13). Todo israelita sabia que o nascituro era uma criança. Assim como nós sabemos, se formos honestos. Nós todos sabemos que uma mulher grávida está “carregando uma criança”.

Toda criança no ventre é obra de Deus e faz parte do seu plano. Cristo ama essa criança e provou isso, tornando-se semelhante a ela - ele mesmo passou nove meses no ventre de sua mãe.

Assim como os termos criança e adolescente, embrião e feto não se referem a seres não humanos, mas a seres humanos em diferentes estágios de desenvolvimento. É cientificamente incorreto dizer que um embrião humano ou um feto não é um ser simplesmente porque ele está em uma fase mais prematura do que uma criança. Isso é a mesma coisa que dizer que uma criança não é um ser humano, porque ele ainda não é um adolescente. Será que alguém se torna mais humano quando cresce? Se assim for, então os adultos são mais humanos do que as crianças, e os jogadores de futebol são mais humanos do que os jóqueis. Algo que não é humano não se torna humano ou mais humano ao ficar mais velho ou maior; tudo o que for humano é humano desde o início, ou não é humano de jeito nenhum. O direito à vida não aumenta com a idade e o tamanho; caso contrário, as crianças e os adolescentes teriam menos direito de viver do que os adultos.

Uma vez que reconhecemos que os nascituros são seres humanos, a questão sobre o seu direito de viver deve ser resolvida, independente da forma como foram concebidos. É desigual a comparação entre os direitos das mães e os direitos dos bebês. O que está em jogo na grande maioria dos abortos é o estilo de vida da mãe, em oposição à vida do bebê. Nesses casos, é justo que a sociedade espere que um adulto viva temporariamente com um inconveniente, se a única alternativa é matar uma criança.

Os defensores do aborto desviam a atenção da grande maioria dos abortos (99%) ao colocarem o foco sobre o estupro e o incesto por causa do fator simpatia. Eles dão a falsa impressão de que a gravidez é comum nesses casos. No entanto, nenhuma criança é um “produto desprezível de um estupro ou incesto”, mas sim uma criação de Deus única e maravilhosa feita à sua imagem. Para uma mulher vitimizada, pode ser muito mais benéfico ter e carregar uma criança do que saber que uma criança morreu em uma tentativa de reduzir o seu trauma.

Quando Alan Keyes se dirigiu aos alunos do ensino médio em uma escola em Detroit, uma menina de treze anos de idade perguntou se ele faria uma exceção para o estupro em sua posição pró-vida. Ele respondeu com esta pergunta: “Se o seu pai estuprasse alguém, e nós o condenássemos por esse estupro, vocês acham que seria certo se, em seguida, nós disséssemos: ‘OK, pelo fato de seu pai ter sido culpado do estupro, nós mataremos você?” A classe respondeu: “Não”. Quando lhe perguntaram por que uma garota teria que passar por uma gravidez, quando algo tão horrível aconteceu com ela, com sabedoria, ele fez a seguinte analogia:

Vamos supor que os Estados Unidos se envolvessem em uma guerra quando você tivesse 19 anos. E, sabemos que, em guerras no passado, tivemos um recrutamento e as pessoas de sua idade eram recrutadas e enviadas para a guerra, certo? Então você teria que ser enviada. Você teria que viver em um campo de batalha. Você teria que arriscar a sua vida. E muitas pessoas, de fato, arriscam suas vidas, vivem em dificuldades todos os dias e, no final, elas morrem. Por quê? Elas estavam defendendo o quê? Nosso país e a sua liberdade. Elas tiveram que passar por dificuldades pela causa da liberdade, não é mesmo.

O princípio da liberdade é que nossos direitos vêm de Deus. Você acha que é errado pedir que as pessoas façam sacrifícios para manter o nosso respeito por esse princípio? ... Só que eu não acredito que seja certo pegar essa dor e torná-la pior... você sabe o que eu acrescento se eu permitir que se faça um aborto? Estou acrescentando o peso daquele aborto. E, em algum momento, a verdade de Deus que está escrita em seu coração retorna a você. E você é ferido por essa verdade.

Portanto, eu não acho justo, nem para a criança e nem para a mulher, deixar que esta tragédia tire a vida de ambos, a vida física da criança e a vida moral e espiritual da mãe. E nesta sociedade, eu acho que fazemos um mal terrível a ambos, porque não temos a coragem de nos posicionarmos a favor do que é verdadeiro. (ProLife Info Digest, 2 de fevereiro de 2000)

Em seu livro, Victims and Victors [Vítimas e Vencedores], David Reardon e associados trazem a experiência de 192 mulheres que ficaram grávidas como resultado de estupro ou incesto. Acontece que quando as vítimas da violência falam por si, a opinião delas sobre o aborto é quase unânime e exatamente o oposto do que a maioria poderia prever: quase todas as mulheres entrevistadas disseram que se arrependeram de abortar seus bebês concebidos através de estupro ou incesto. Dentre as mulheres que deram uma opinião, mais de 90 % disseram que desencorajariam outras vítimas de violência sexual a fazerem abortos. Nenhuma das que deram à luz uma criança expressou arrependimento.

A imposição de pena de morte ao filho inocente de um agressor sexual não traz nenhuma punição ao estuprador e nenhum benefício para a mulher. Criar uma segunda vítima nunca desfaz o dano causado à primeira. O aborto não traz a cura para uma vítima de estupro.

Os discípulos de Cristo não conseguiram entender como as crianças eram valiosas para ele, então eles repreendiam aquelas pessoas que tentavam trazê-las para perto dele (Lucas 18:15-17). Porém Jesus disse: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus”. Ele considerou as crianças como parte do seu reino, e não uma distração.

A visão bíblica sobre os filhos é que eles são uma bênção e uma dádiva do Senhor (Salmo 127:3-5). No entanto, a cultura ocidental trata as crianças como obrigações. Temos de aprender a ver todas as crianças como Deus as vê, e devemos agir em relação a elas conforme ele nos manda agir. Devemos defender a causa do fraco e do órfão; manter os direitos dos pobres e dos oprimidos, salvar os fracos e os necessitados e libertá-los dos ímpios (Salmo 82:3-4).
Cristo afirmou que tudo o que fazemos, ou deixamos de fazer, aos filhos de Deus que são mais fracos e vulneráveis, nós fazemos, ou deixamos de fazer, a ele. No julgamento, “O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus 25:40).

Tradução: Editora Fiel
Fonte:<http://pt.gospeltranslations.org/wiki/Pensando_Biblicamente_sobre_o_Aborto>

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Por que não ouvir música mundana | Pr. Glauco Barreira M. Filho | Ref. Dia: 07.12.2016


POR QUE NÃO OUVIR MÚSICA MUNDANA E USAR OUTRAS COISAS FEITAS NO MUNDO COMO: LIVROS, PRATOS, ETC?

Os livros seculares são lidos para formação ou exame para refutação. Deve de todo modo visar à glória de Deus: refutar o erro ou obter melhor os conhecimentos para exercer bem uma profissão para a glória de Deus. O grande avivalista congregacional Jonathan Edwards, inclusive, disciplinou jovens de sua igreja por lerem literatura improdutiva, inapropriada.

A música foi criada para louvar a Deus, ela traz um espírito, uma inspiração, alimenta paixões. Eu não acredito que um homem como Paulo, que considerou tudo como esterco para ganhar a Cristo, que considerou como perda todas as coisas por amor ao Senhor, que se fazia de tudo e de todos para ganhar alguns encontrava lugar para se deleitar em música mundana.

Quando leio um livro profissional ou filosófico fico sempre pensando em como glorificar a Deus com aquilo que estou aprendendo, seja para refutar ou pôr a serviço de Deus. Assim, escrevo livros de Direito para defender a vida, a família, etc. Não consigo, porém, deleitar-me na audiência de música mundana[1] que alimenta movimentos corporais, pensamentos eróticos e frivolidades. Nesse caso, o que pode glorificar a Deus é protestar contra ela.

Música é diferente de carro, prato, copo, etc. Música é devoção. No céu, haverá uma cidade, no milênio haverá cavalos, plantações, etc, mas a terra se encherá da glória de Deus e nós o louvaremos de dia e de noite. Haverá muitas coisas humanas, mas não a música que não glorifique a Deus.

Até um filme pode ser examinado. Você aprende o que tem de bom e rejeita o ruim, com exame racional. O normal não é você assistir o mesmo filme todos os dias. A música envolve, faz o prazer de ouvi-la (muitas vezes ligado aos baixos instintos) tirar o discernimento. Ou talvez, a própria pessoa veja o erro, mas não consiga deixar de ouvir pelo prazer que a música lhe traz. É costume ouvir a mesma música com frequência (torna-se uma devoção). Ela fica na nossa mente, mesmo quando não estamos ouvindo. Desse modo, ela seduz, faz trair os valores morais e espirituais. Quem é honesto (e não está seduzido absolutamente pela música mundana) reconhecerá isto.

A música mundana pode ser analisada friamente por um sociólogo ou por um estudante da música, por exemplo, mas, nessa hora, ele não a tem como o seu entretenimento.

Uma coisa é ouvir uma música mundana pela primeira vez para saber o que ela diz. Outra coisa é fazer dela o seu deleite e costume. É impossível que a ideologia repetida na mente não entre nas inclinações. Aliás, era essa a técnica usada na lavagem cerebral comunista.

A Bíblia mostra que Jesus ia a casamentos (onde buscava oportunidade também de mostrar sua glória), comia em banquetes de pecadores (onde pudesse também evangelizá-los), trabalhava, dormia... Mas não diz que cantou música mundana. Ele, que é nosso exemplo, cantou um hino (Salmos do Hallel - Salmo 113-118) conforme Mateus 26: 30 e Marcos 14: 26. É esse o único relato que informa ter Jesus cantado. Não é ele o nosso modelo?

Sobre a música profana, Cipriano, pai da Igreja do século III, disse: “O diabo... experimenta os ouvidos com música agradável para abrandar a integridade cristã com o encanto e a suavidade das vozes”
Clemente de Alexandria, pai da Igreja Cristã do século II, disse:
"A música demasiado artificial, que destrói as almas e lhe incute muitos sentimentos diversos, quer seja lacrimoso, quer impudico e voluptuoso, quer provocador de um furor báquico ou de insanidade, deve ser banida” (Stromata VI, 90)".
Basílio de Cesareia (século IV), disse:
“Há lugares onde mil espetáculos de charlatães alimentam vossos olhos desde o amanhecer até o anoitecer. E, no entanto, as pessoas não se sentem enfastiadas de escutar esses cantos dissolutos e capazes de enfraquecer, próprios para fazer nascer nas almas uma grande inclinação ao prazer... em todo o caso, um teatro onde florescem estes espetáculos indecentes não é outra coisa que uma comum e pública escola de falta de vergonha, e o acompanhamento harmonioso das flautas e dos cantos das prostitutas, introduzindo-se nas almas dos ouvintes, não os incitam mais do que a esquecer a decência e a imitar na prática aquilo mesmo que os tocadores de flauta e de cítara os fizeram escutar” (In Hexaemeron, Homilia, 4, 1).
Acerca da música cristã, Agostinho (século IV) disse em suas Confissões:
“Quanto chorei ouvindo vossos hinos, vossos cânticos, os acentos suaves que ecoavam em vossa Igreja! Que emoção me causavam! Fluíam em meu ouvido, destilando a verdade em meu coração. Um grande elã de piedade me elevava, e as lágrimas corriam-me pela face, mas me faziam bem".
Em um tratado sobre a música nos advertiu para que ela não tomasse o lugar de Deus,  pois, antes, deve servir a Deus:
“[...] não é preciso então amar a música como se, exaurindo-se no regozijo, se pudesse substituir Deus, encontrar nela, para sempre, a Felicidade”
"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (1 Coríntios 10:31)
 "Ou ainda não entendeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não pertenceis a vós mesmos? Pois fostes comprados por alto preço; portanto, glorificai a Deus no vosso próprio corpo" (I Cor. 6: 19-20).

Rev. Glauco Barreira Magalhães Filho



[1] Exceto aquela inteiramente artística, de inspiração matemática, como a música clássica, a qual já nasceu da música litúrgica. Mesmo assim, tem muita música clássica sacra.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

O crente e a verdade | Pr. Glauco Barreira M. Filho | Ref. Dia: 29.11.2016


“Ne varietur”

Uma das afirmações muito comuns de um crente fazer é dizer que encontrou a verdade. Quando ele afirma isso com convicção e alegria, sempre aparece um pseudo-intelectual para dizer que nós, seres finitos, não podemos nunca atingir a verdade. Podemos, dirá o pseudo-erudito, no máximo, nos aproximar da verdade. Como o crente deseja ser humilde e teme cair no pecado da soberba, pode ficar confuso diante de tais expressões.

Jesus, porém, disse que ele era a verdade. Ao encontrarmos Cristo, temos a verdade em nosso coração. Também disse Ele que sua palavra é a verdade. Se nós aceitamos sua inspiração e a recebemos, temos nela a verdade. Isso, porém, não significa que não temos mais nada a aprender.

O crente cresce em conhecimento, mas cresce dentro da verdade. Não crescemos PARA PRÓXIMO da verdade, mas, sim, NA verdade, dentro dela. Como creio que a fé anabatista é bíblica, eu também creio que encontrei a sã doutrina. Isso, porém, não me impedirá de me aprofundar nela.

Richard Baxter disse:

“Há uma variedade de graus de conhecimento, não apenas de uma mesma verdade – por causa  da diversidade de evidências – mas também de uma mesma evidência e razão de uma verdade. Eu me lembro muito bem de ter, por muitos anos, um argumento para uma importante verdade, e de ter feito grande uso dele; no entanto, embora se tratasse de um bom argumento, eu tinha apenas uma apreensão superficial da sua força. Apenas muitos anos mais tarde, meus estudos me deram maior luz, de modo que obtive uma apreensão tão clara da força do mesmo argumento – o qual eu já conhecia há tanto tempo – que ele confirmou e me satisfez como nunca antes”.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Exortações aos anabatistas do século XVI | Mennon Simons | Ref. Dia: 22.11.2016



“... queridos irmãos e irmãs no Senhor, temam a vosso Deus com todo vosso coração e com toda vossa alma e buscai-o com todo seu poder. Vigiai de noite e de dia. Invoquem o trono de sua graça para que sua mão paternal possa sustentá-los em todas as aflições, ficando junto com vocês em todas as suas dificuldades e provações, guardando-os fielmente em seu caminho, em sua Palavra e em sua Verdade. Assim não podereis tropeçar com seu pé, fracassando em sua profissão nem sua vida será quebrantada e desonrada. Assim podereis guardar o tesouro que tem sido confiado à vossa proteção, sendo puros e sem manchas para aquele Dia, para com todos os santos piedosos receber a terra prometida, a herança, o reino, a vida e a coroa...”

Menno Simons
Reformador Anabatista

[Texto extraído do blog Jornal Tocha da Verdade < http://jornaltochadaverdade.blogspot.com.br>]

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

AVIVAMENTO & AUTO-EXAME | Pr. Glauco Barreira M. Filho | Ref. Dia: 18.11.2016

Imagem Ilustrativa
“... Pode esperar-se um avivamento religioso quando os cristãos se empenham em confessar seus pecados uns aos outros em vez de fazê-lo de modo geral. Para isso, é crucial que, por um lado, os pastores adotem uma atitude decidida. Aconteça o que acontecer, eles devem estar dispostos a denunciar os pecados da congregação e condená-los publicamente, preparados para seguir trabalhando ainda que percam o afeto dos impenitentes, deixando tudo nas mãos de Deus. Por outro lado, é necessário que cada membro em particular faça um exame de consciência” (CHARLES FINNEY)

            Para haver um avivamento, é preciso que haja consciência sensível, confissão de pecado, quebrantamento e arrependimento. A fim de alcançar esse resultado, os pastores e pregadores devem começar por suas próprias vidas. Devem fazer auto-exame e fazerem confissão. Também devem se distanciar de tudo que é duvidoso, bem como de tudo que tenha proximidade com o pecado ou aumente as tentações. Depois disso, os pregadores devem “abrir fogo’, isto é, pregar contra o pecado para crentes e incrédulos. Não devem falar com linguagem vaga, mas devem chamar o pecado pelo nome.
         Precisamos de profetas que falem com a veemência de um João Batista ou de um Savonarola. É preciso também que os crentes assumam individualmente a sua responsabilidade pessoal, fazendo um auto-exame. Charles Finney disse:

“O auto-exame consiste em contemplar nossa vida, considerar nossas ações, buscar no passado e ver qual é o nosso verdadeiro caráter...o arrependimento deve aplicar-se a cada pecado em particular, um a um, e para isso temos de nos recordar [...] Que este trabalho de arrependimento e plena confissão, este quebrantamento diante de Deus tenha lugar, e, então, adquiriremos o espírito de oração em abundância... a razão pela qual tão poucos cristãos conhecem o espírito de oração é porque nunca se dão ao trabalho de se examinar devidamente e submeter seus corações dessa forma. Há muita atividade e pouca piedade”

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A CONVICÇÃO DOS ANABATISTAS | Pr. Glauco Barreira M. Filho | Ref. Dia: 09.11.2016

          Algumas pessoas ficam surpresas com a veemência de nossa pregação e com a convicção com que expomos a nossa fé. Num mundo de inconstância moral e incertezas cognitivas, isso pode parecer fanático ou esquisito.
        Eu não gostaria aqui de fazer uma apologia da nossa perspectiva nesses dias sombrios, mas, sim, de mostrar como historicamente essa é a forma de ser dos anabatistas em todas as épocas. Para tanto, escolhi como referencial a obra “O Novo Nascimento” de Menno Simons, um dos mais conhecidos líderes anabatistas do século XVI..

          
            Em relação ao papado, Menno Simons diz:

“Aquele anticristo abominável, corruptor e destruidor novamente está ocupando o seu lugar. Com ele veio o batismo de infantes, a falsa Ceia do Senhor, missas matinais e vespertinas com falsas abluções, confissões, proibições, e assim por diante”
         
          Sobre os padres comenta:

“Assim fazem todos os ministros carnais do anticristo, falsos e servos do próprio ventre que tem ensinado e ainda ensinam uma idolatria vergonhosa, a qual chamam de uma santa religião”

    Sobre a diferença entre os pastores anabatistas e os pastores do protestantismo convencional, escreveu em sua “Confissão”:

“Enquanto eles são saudados como doutores, senhores e mestres por todos, nós temos que ouvir que somos pastores anabatistas em lugares isolados, enganadores e hereges.”

          Não é à toa que Simons foi perseguido por todos os flancos:

“...pois estou sendo caluniado por pregadores de todos os lados” (“Confissão”)

         Acerca dos anabatistas, Simons disse em “O Novo Nascimento”:

“Eles têm a verdadeira doutrina, a verdadeira fé, o verdadeiro amor; eles fazem uso do verdadeiro batismo, a verdadeira Ceia do Senhor e a verdadeira excomunhão daqueles que ensinam e vivem maldosamente, assim como é ensinado e mostrado em muitos lugares nas Escrituras (como em Mateus 7: 15-16; 16:6; Romanos 16: 17-18: I Cor. 4: 3-5: Filipenses 3; 18-19: II Tessalonicenses 3; 6: I Timóteo 6: 3-5: II Timóteo 2: 26-28: 3: 2-7: Tito 3: 10-11: II João 1: 7-11), que dão direção para uma conduta e vida como Deus mandou através de seu amado Filho, Cristo Jesus, nosso Senhor. Com os outros, os que seguem a inclinação da carne, eles não andam mais”.

          Sobre a doutrina cristã que apresenta em seu livro, diz Simons:

“Meus caríssimos, não creiam em mim, mas creiam na Palavra de Deus....Se alguém lhes ensinar alguma coisa contrária àquilo que nós temos mostrado das Sagradas Escrituras, eles lhes enganam e estão colocando almofadas debaixo de seus braços e travesseiros debaixo de suas cabeças.”

         No final do livro, conclui:
“Prezado leitor, se você permitir que Cristo Jesus o julgue de acordo com sua santa Palavra, você poderá reconhecer e confessar esta epístola como sendo a verdade”

domingo, 6 de novembro de 2016

Casamento Responsável | Pr. Glauco Barreira M. Filho | Ref. Dia: 06.11.2016

“Assim devem os maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. PORQUE NUNCA NINGUÉM ABORRECEU A SUA PRÓPRIA CARNE; ANTES A ALIMENTA E SUSTENTA, COMO TAMBÉM o Senhor à igreja” (Efésios 5: 28, 29)

            O versículo acima deixa claro que é responsabilidade do homem alimentar e sustentar a mulher como cada um faz com a sua própria carne e o Senhor faz com a sua igreja. O casamento no qual o homem não sustenta a casa pelo trabalho fere a lei natural e prejudica aos olhos do mundo a imagem do relacionamento que há entre Cristo e a igreja.
          É claro que pode acontecer de o homem perder momentaneamente o seu emprego e a mulher ajudá-lo a manter a casa nesse período, mas é inaceitável que um homem case desempregado. O casamento é sagrado e deve ser levado a sério. Não é uma brincadeira ou aventura.

“Venerado seja entre todos o matrimônio....” (Hebreus 13: 4)
          Antes de criar a mulher, Deus pôs o homem “no jardim  do Éden para o lavrar e o guardar” (Gênesis 2: 15). Como líder do lar, é o homem que deve manter a casa, sendo a mulher apenas a sua “ajudadora” (Gênesis 2: 18).
          Casamento com irresponsabilidade é pecado grave, é sacrilégio, uma vez que o matrimônio é sagrado e espelha o relacionamento sóbrio que Cristo tem com a sua igreja.
          Ninguém deve casar pelo prazer do sexo ou para se livrar de problemas na casa dos pais. O casamento estruturado requer preparação. Tal preparação deve ser espiritual, psíquica (para ser pai, esposo e líder) e TAMBÉM ECONÕMICA:

“Prepara fora a tua obra, e apronta-a no campo, e então edifica a tua casa” (Provérbios 24: 27)

          Se a igreja não quer famílias desajustadas nem lares destruídos, deve agir com rigor em relação aqueles que casam irresponsavelmente!


terça-feira, 1 de novembro de 2016

Quem São os Anabatistas? | Pr. Glauco Barreira M. Filho | Ref. Dia: 01.11.2016

“O ANTIGO QUE SE FAZ NOVO
QUEM SÃO OS ANABATISTAS?
Por: Rev. Glauco Barreira M. Filho


       Nos séculos II e III, após grandes perseguições sofridas pelos cristãos, muitos que, não apenas haviam negado a fé, mas delatado os irmãos e servido aos perseguidores, desejaram voltar para a igreja. As igrejas acomodadas pela tranqüilidade gozada após a perseguição, tendo perdido muito do seu zelo antigo, receberam esses apóstatas sem maiores exigências. À época, algumas comunidades cristãs, principalmente da África, afirmaram que o comportamento dos que haviam traído os irmãos evidenciava que eles não eram discípulos verdadeiros. Como a fé e a conversão genuína eram condições para o batismo nas águas, essas comunidades consideravam o anterior batismo dos traidores da fé como inválido. Com isso, as comunidades zelosas exigiam um novo batismo dessas pessoas, após demonstrado genuíno arrependimento. Em razão dessa exigência, foram chamados de “anabatistas” (rebatizadores). Para os anabatistas, todavia, não era o caso de batizar novamente tais pessoas, mas de lhes dar um genuíno batismo, caso, de fato, estivessem arrependidas e convertidas.


         Naquelas circunstâncias, grande parte da cristandade considerou o “anabatismo” como um movimento separatista. Convém, entretanto, lembrar que os grandes mártires desse período estavam entre eles (como foi o caso histórico das mártires Perpétua e Felicidade). Irineu, famoso pai da igreja, embora não estivesse oficialmente em suas fileiras, defendeu os anabatistas, reconhecendo-lhes o zelo pela Palavra. Já Tertuliano, o maior mestre da igreja de então, ingressou na comunidade dos anabatistas e se tornou seu grande apologista.
       Para os anabatistas, eles não eram uma ruptura, mas, sim, a continuidade linear e histórica da igreja apostólica. Desde então, eles mantêm sua continuidade no tempo em sucessão ininterrupta. Os anabatistas foram chamados de donatistas à época em que Constantino começou o processo de institucionalização romana da cristandade. Foram eles que resistiram à aliança entre a igreja e o império, sofrendo duramente por isso.

     Na Idade Média, os anabatistas foram conhecidos principalmente como paulicianos e valdenses. Hoje em dia, muitos historiadores compreendem que os valdenses não podiam ser um grupo religioso fundado por Pedro Valdo, pois o nome “valdense” aparece em documentos anteriores ao nascimento de Pedro Valdo. Na verdade, Pedro deve ter sido chamado de “Valdo” porque era valdense e não o contrário. O termo “valdense” vem de duas palavras que foram unidas em contração: uma significa “vale” e a outra significa “denso”. A expressão “valdense” referia-se aos lugares onde eles se escondiam dos perseguidores.




        Com a perseguição, os valdenses ficaram sem seus líderes, pois eles foram martirizados. Para não deixarem de ouvir a palavra de algum modo, compareciam às missas católicas a fim de ouvir a leitura bíblica feita pelo padre. A frequência ao culto católico fez com que abandonassem grande parte de suas características (entre elas, o batismo adulto), mas alguns deles, com outros nomes (arnaldistas, bogomilos), mantiveram acesa a chama da verdade. O livro “O Espelho dos Mártires”, escrito durante o período da Reforma por um anabatista, salienta a continuidade da verdade em meio a muitas provações e perseguições.
           Durante a Reforma, os anabatistas apareceram em diversos lugares. Enquanto Lutero e Calvino faziam a Reforma em lugares específicos, os anabatistas apareciam em grande número em vários lugares, o que levou os historiadores mais atentos a reconhecer que eles não eram originários da Reforma, embora tivessem ganhado impulso com ela. A Reforma produziu novos líderes para os anabatistas. Alunos do reformador suíço Zuínglio romperam com ele e aceitaram as convicções anabatistas, tornando-s seus grandes líderes no século XVI. O mesmo aconteceu em outros lugares.
         É importante aqui salientar que não se deve confundir os anabatistas com os “espiritualistas exaltados” que surgiram durante a Reforma. Esses últimos são fruto da crise européia do século XVI. Muitos reformadores quiseram associar os anabatistas com os “espiritualistas”, mas o fizeram equivocadamente. Os primeiros eram pacifistas e os segundos eram revolucionários.
        Os anabatistas existem até hoje. A Igreja Batista Renovada Moriá é anabatista. Nem todos os batistas são anabatistas. Há um amplo movimento batista procedente do calvinismo puritano inglês. Os anabatistas distinguem-se deles por não aceitarem qualquer aproximação entre a igreja (ou os crentes individuais) e a política partidária.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

“O ANTIGO QUE SE FAZ NOVO
Arrependimento
Por: Rev. Glauco Barreira M. Filho

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos... “ (Atos 3: 19)

   Uma das palavras mais mencionadas no Novo Testamento é “arrependimento”. Arrepender-se significa mudar de visão ou de perspectiva de vida. Literalmente quer dizer “mudar de mente”. Em Atos 3: 19, Pedro enfatizou ainda mais essa questão quando somou à expressão “arrependimento” a expressão “conversão”. Sem arrependimento, não há fé legítima, não há salvação. O arrependimento é a infraestrutura da fé, seu alicerce.
     Quem se arrepende, produz novos frutos (Mateus 3: 8), confessa os seus pecados a quem feriu ou publicamente a todos (Mateus 3: 6). Quem se arrepende, se compromete com a mudança. O batismo, por exemplo, é um selo de compromisso (Mateus 3: 6).

     Aquele que se arrepende sente vergonha pelos seus pecados (Romanos 6: 21, 22), abomina o mal (Romanos 12: 9; Judas 23; Mateus 5: 29, 30). Quem se arrepende, extirpa a chaga do coração (mágoa, ressentimento, amargura, malícia, maledicência, ira, ciúme, inveja, espírito faccioso).

     É possível alguém sentir contrição pelos pecados através do Espírito Santo e não se converter. É possível experimentar os poderes do mundo vindouro sem conversão (Hebreus 6: 1-8). Muitos que não se arrependeram alegarão no dia do juízo que falaram em línguas ou profetizaram na vida terrena, mas não serão ouvidos (Mateus 7: 21-23).

     Arrependimento não é remorso pelos pecados cometidos, mas é atitude resoluta contra eles. Arrependimento não é lamentação pelas conseqüências do pecado, mas repúdio pelo mal intrínseco a ele.

     O arrependimento envolve um “de” e um “para”. Nós nos arrependemos dos pecados para servir a Deus ( I Tessalonicenses 1: 9, 10). Quem se arrepende, volta-se para Deus. Passa a amá-lo de todo o coração, alma, força e entendimento. Não salvação sem um amor fervoroso a Cristo. O crente não é alguém que vive envolvido em “política de igreja”. Seus assuntos não são problemas eclesiásticos ou administrativos. Sua preocupação não é com a estrutura do templo ou com a existência de programações interessantes para sua sociabilidade sensitiva. O crente também não vive de um legalismo estéril. Ele ama a doutrina na medida em que ela entroniza Cristo. Sua linguagem sobre assuntos bíblicos não é acadêmica, mas devocional. Ele fala de Jesus e não dos outros.

   Ser crente é amar Jesus e a sua Palavra. É ter um relacionamento vital com o Deus vivo e verdadeiro. É ouvir a sua voz, derramar a alma diante dele. Desejar saber a sua vontade e a ela se submeter sem restrição. Ah... Como eu desejaria ver pessoas que amam a Cristo! Pessoas que não desejam posição, ocupação institucional, oportunidade de ser notado pelos homens, mas apenas a Cristo!


“Desejo conhecê-lo e ao poder da sua ressurreição, e a comunicação de suas aflições, sendo feito conforme a sua morte” (Filipenses 3: 10) 



Ref. Dia 28.10.2016: MEU LOUVOR

         MEU LOUVOR


AO FILHO DE DEUS, o ‘logos’ eterno e arquiteto da criação, em quem todas as coisas têm sua medida e o universo a sua harmonia, aquele de quem deriva a racionalidade humana, sendo a luz que alumia a todo homem que vem ao mundo.
AO CORDEIRO DE DEUS QUE FOI MORTO ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO, o anunciado pelos profetas, simbolizado nos signos da lei, a esperança dos pecadores, o desejado das nações.
A JESUS CRISTO, excelso Salvador, o amado de minha alma, meu senhor de quem sou e a quem sirvo, aquele que, apesar de eu chama-lo de Soberano, me chama de amigo, e cujo Espírito habita nos que creem, sendo sua voz em nosso interior mais forte que um grito, apesar de harmônica como o rio.
AO DEUS ETERNO, Ser tão real que não pode não ser, evidenciado pelas coisas criadas, mas de cuja existência o nosso coração dá testemunho antes que os sentidos tragam as informações pelas quais se conclua sua realidade.
AQUELE QUE ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE NÓS DO QUE NÓS DE NÓS MESMO, POIS AO ENCONTRÁ-LO É QUE NOS ENCONTRAMOS.
AO AMIGO MAIS CHEGADO QUE UM IRMÃO, o qual não apenas está comigo, mas em mim, e não apenas por alguns momentos, mas ininterruptamente.
ÀQUELE QUE ME PREPARA UM BANQUEE NO DESERTO E FAZ MEUS INIMIGOS PRESENCIAREM.
ÀQUELE DE QUEM SOU PRISIONEIRO E DE CUJO JUGO NÃO QUERO FICAR LIVRE.
DO MAIS INDIGNO DOS SEUS SERVOS.

Glauco Barreira Magalhães Filho

Publicada pelo Jornal Trombeta de Sião
(Ano 1 - Jornal 5 - em Novembro de 1997 )

sábado, 15 de outubro de 2016

Ref. Dia 15.10.2016: OUVINTES NÃO RENASCIDOS

“O ANTIGO QUE SE FAZ NOVO”
Por: Rev . Glauco Barreira M. Filho
OUVINTES NÃO RENASCIDOS
“E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer; e a sua palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou não credes vós” (João 5: 37-38).
Jesus, assim como João Batista, tinha muitos fariseus entre os seus ouvintes diários. Os fariseus, porém, não eram seguidores reais nem de João Batista nem de Cristo. João Batista desconfiava dos motivos dos fariseus que se apresentavam para o batismo:

“E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que VINHAM AO SEU BATISMO, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, FRUTOS DIGNOS DE ARREPENDIMENTO” (Mateus 3: 7-8).
Os fariseus ficavam revoltados quando Jesus questionava-lhes a veracidade da condição perante Deus:
“...Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus.” (João 8: 41).
Jesus somente os reprovou depois que eles ouviram bastante. A partir daí, Jesus não poderia mais tratá-los como servos de Deus, visto que não haviam correspondido à luz que tinham recebido:
“SE EU NÃO VIERA, NEM LHES HOUVESSE FALADO, NÃO TERIAM PECADO, MAS, AGORA, NÃO TÊM DESCULPA DO SEU PECADO.” (João 15: 22)
Apesar de ouvirem tantos sermões bombásticos de Jesus contra o pecado, os fariseus continuavam no erro, pois “a SUA PALAVRA NÃO PERMANECE EM VÓS” (João 7: 38). Apesar de os fariseus estarem sempre ouvindo Jesus, o Senhor lhes disse o seguinte sobre a voz de Deus: “VÓS NUNCA OUVISTES A SUA VOZ” (João 5: 37).
Jesus disse que os fariseus examinavam a Escritura, mas o problema era que para eles o que importava não era a Bíblia, mas, sim, o que eles QUERIAM ou NÃO QUERIAM:
EXAMINAIS as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. E NÃO QUEREIS vir a mim para terdes vida” (João 5: 39-40).
Paulo fala de mulheres néscias “que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles”(II Timóteo 3: 7-9). Pedro menciona falsos cristãos que “falam de liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. PORQUE DE QUEM ALGUÉM É VENCIDO, DO TAL FAZ-SE TAMBÉM SERVO” (II Pedro 2:19).
É triste sabermos que há pessoas que nos ouvem a muitos anos, mas não entenderam nada do que falamos, não compartilham conosco os verdadeiros princípios cristãos de vida. Julgam-se crentes, mas nunca conheceram a Cristo.
“E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, SOFREDOR; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em cuja vontade estão presos” (II Timóteo 2: 24-26)

SOLI DEO GLORIA.