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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

“O ANTIGO QUE SE FAZ NOVO
Arrependimento
Por: Rev. Glauco Barreira M. Filho

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos... “ (Atos 3: 19)

   Uma das palavras mais mencionadas no Novo Testamento é “arrependimento”. Arrepender-se significa mudar de visão ou de perspectiva de vida. Literalmente quer dizer “mudar de mente”. Em Atos 3: 19, Pedro enfatizou ainda mais essa questão quando somou à expressão “arrependimento” a expressão “conversão”. Sem arrependimento, não há fé legítima, não há salvação. O arrependimento é a infraestrutura da fé, seu alicerce.
     Quem se arrepende, produz novos frutos (Mateus 3: 8), confessa os seus pecados a quem feriu ou publicamente a todos (Mateus 3: 6). Quem se arrepende, se compromete com a mudança. O batismo, por exemplo, é um selo de compromisso (Mateus 3: 6).

     Aquele que se arrepende sente vergonha pelos seus pecados (Romanos 6: 21, 22), abomina o mal (Romanos 12: 9; Judas 23; Mateus 5: 29, 30). Quem se arrepende, extirpa a chaga do coração (mágoa, ressentimento, amargura, malícia, maledicência, ira, ciúme, inveja, espírito faccioso).

     É possível alguém sentir contrição pelos pecados através do Espírito Santo e não se converter. É possível experimentar os poderes do mundo vindouro sem conversão (Hebreus 6: 1-8). Muitos que não se arrependeram alegarão no dia do juízo que falaram em línguas ou profetizaram na vida terrena, mas não serão ouvidos (Mateus 7: 21-23).

     Arrependimento não é remorso pelos pecados cometidos, mas é atitude resoluta contra eles. Arrependimento não é lamentação pelas conseqüências do pecado, mas repúdio pelo mal intrínseco a ele.

     O arrependimento envolve um “de” e um “para”. Nós nos arrependemos dos pecados para servir a Deus ( I Tessalonicenses 1: 9, 10). Quem se arrepende, volta-se para Deus. Passa a amá-lo de todo o coração, alma, força e entendimento. Não salvação sem um amor fervoroso a Cristo. O crente não é alguém que vive envolvido em “política de igreja”. Seus assuntos não são problemas eclesiásticos ou administrativos. Sua preocupação não é com a estrutura do templo ou com a existência de programações interessantes para sua sociabilidade sensitiva. O crente também não vive de um legalismo estéril. Ele ama a doutrina na medida em que ela entroniza Cristo. Sua linguagem sobre assuntos bíblicos não é acadêmica, mas devocional. Ele fala de Jesus e não dos outros.

   Ser crente é amar Jesus e a sua Palavra. É ter um relacionamento vital com o Deus vivo e verdadeiro. É ouvir a sua voz, derramar a alma diante dele. Desejar saber a sua vontade e a ela se submeter sem restrição. Ah... Como eu desejaria ver pessoas que amam a Cristo! Pessoas que não desejam posição, ocupação institucional, oportunidade de ser notado pelos homens, mas apenas a Cristo!


“Desejo conhecê-lo e ao poder da sua ressurreição, e a comunicação de suas aflições, sendo feito conforme a sua morte” (Filipenses 3: 10) 



Ref. Dia 28.10.2016: MEU LOUVOR

         MEU LOUVOR


AO FILHO DE DEUS, o ‘logos’ eterno e arquiteto da criação, em quem todas as coisas têm sua medida e o universo a sua harmonia, aquele de quem deriva a racionalidade humana, sendo a luz que alumia a todo homem que vem ao mundo.
AO CORDEIRO DE DEUS QUE FOI MORTO ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO, o anunciado pelos profetas, simbolizado nos signos da lei, a esperança dos pecadores, o desejado das nações.
A JESUS CRISTO, excelso Salvador, o amado de minha alma, meu senhor de quem sou e a quem sirvo, aquele que, apesar de eu chama-lo de Soberano, me chama de amigo, e cujo Espírito habita nos que creem, sendo sua voz em nosso interior mais forte que um grito, apesar de harmônica como o rio.
AO DEUS ETERNO, Ser tão real que não pode não ser, evidenciado pelas coisas criadas, mas de cuja existência o nosso coração dá testemunho antes que os sentidos tragam as informações pelas quais se conclua sua realidade.
AQUELE QUE ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE NÓS DO QUE NÓS DE NÓS MESMO, POIS AO ENCONTRÁ-LO É QUE NOS ENCONTRAMOS.
AO AMIGO MAIS CHEGADO QUE UM IRMÃO, o qual não apenas está comigo, mas em mim, e não apenas por alguns momentos, mas ininterruptamente.
ÀQUELE QUE ME PREPARA UM BANQUEE NO DESERTO E FAZ MEUS INIMIGOS PRESENCIAREM.
ÀQUELE DE QUEM SOU PRISIONEIRO E DE CUJO JUGO NÃO QUERO FICAR LIVRE.
DO MAIS INDIGNO DOS SEUS SERVOS.

Glauco Barreira Magalhães Filho

Publicada pelo Jornal Trombeta de Sião
(Ano 1 - Jornal 5 - em Novembro de 1997 )

sábado, 15 de outubro de 2016

Ref. Dia 15.10.2016: OUVINTES NÃO RENASCIDOS

“O ANTIGO QUE SE FAZ NOVO”
Por: Rev . Glauco Barreira M. Filho
OUVINTES NÃO RENASCIDOS
“E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer; e a sua palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou não credes vós” (João 5: 37-38).
Jesus, assim como João Batista, tinha muitos fariseus entre os seus ouvintes diários. Os fariseus, porém, não eram seguidores reais nem de João Batista nem de Cristo. João Batista desconfiava dos motivos dos fariseus que se apresentavam para o batismo:

“E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que VINHAM AO SEU BATISMO, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, FRUTOS DIGNOS DE ARREPENDIMENTO” (Mateus 3: 7-8).
Os fariseus ficavam revoltados quando Jesus questionava-lhes a veracidade da condição perante Deus:
“...Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus.” (João 8: 41).
Jesus somente os reprovou depois que eles ouviram bastante. A partir daí, Jesus não poderia mais tratá-los como servos de Deus, visto que não haviam correspondido à luz que tinham recebido:
“SE EU NÃO VIERA, NEM LHES HOUVESSE FALADO, NÃO TERIAM PECADO, MAS, AGORA, NÃO TÊM DESCULPA DO SEU PECADO.” (João 15: 22)
Apesar de ouvirem tantos sermões bombásticos de Jesus contra o pecado, os fariseus continuavam no erro, pois “a SUA PALAVRA NÃO PERMANECE EM VÓS” (João 7: 38). Apesar de os fariseus estarem sempre ouvindo Jesus, o Senhor lhes disse o seguinte sobre a voz de Deus: “VÓS NUNCA OUVISTES A SUA VOZ” (João 5: 37).
Jesus disse que os fariseus examinavam a Escritura, mas o problema era que para eles o que importava não era a Bíblia, mas, sim, o que eles QUERIAM ou NÃO QUERIAM:
EXAMINAIS as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. E NÃO QUEREIS vir a mim para terdes vida” (João 5: 39-40).
Paulo fala de mulheres néscias “que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles”(II Timóteo 3: 7-9). Pedro menciona falsos cristãos que “falam de liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. PORQUE DE QUEM ALGUÉM É VENCIDO, DO TAL FAZ-SE TAMBÉM SERVO” (II Pedro 2:19).
É triste sabermos que há pessoas que nos ouvem a muitos anos, mas não entenderam nada do que falamos, não compartilham conosco os verdadeiros princípios cristãos de vida. Julgam-se crentes, mas nunca conheceram a Cristo.
“E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, SOFREDOR; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em cuja vontade estão presos” (II Timóteo 2: 24-26)

SOLI DEO GLORIA.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Ref. Dia 14.10.2016: NOVIDADE DE VIDA

“O ANTIGO QUE SE FAZ NOVO”
Por: Rev . Glauco Barreira M. Filho
NOVIDADE DE VIDA

“E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte” (Romanos 6:21)


Algumas pessoas costumam achar que os novos convertidos são pessoas frágeis, suscetíveis de cair em seus velhos pecados. Isso seria algo que recomendaria cuidado e acompanhamento por parte daqueles que os orientam nos seus primeiros passos.
Na verdade, essa concepção errônea de conversão decorre do fato de que a maioria das pessoas que atendem a um apelo em nossos cultos não se converteram ainda, mas apenas manifestaram um grau de abertura para o evangelho. Tais pessoas realmente precisam de cuidado e acompanhamento, mas isso porque ainda estão no processo de evangelização e não no de discipulado, conforme imaginamos.
Quando a conversão realmente acontece, a pessoa sente repúdio pelos seus velhos pecados (Romanos 6: 1), além de amar muito a Cristo por saber que seus pecados foram perdoados (“a quem muito é perdoado muito ama”).
Um roqueiro convertido não é alguém suscetível a voltar para o rock, antes, é alguém que não suporta mais ouvir esse tipo de música. Ele pode ser tentado por outras coisas, mas abominará o pecado específico no qual estava. Isso faz com que eu não acredite na  “conversão” de certos cantores de forró que agora estão sendo “forrozeiros” na igreja.
Aqueles que são educados na igreja, mas começam a simpatizar com as coisas do mundo também não se converteram. Jovens que apreciam músicas estranhas, roupas exóticas, tatuagens, brincos, esportes radicais, não conheceram a Cristo.
Eu era surfista quando não tinha Cristo. O surf assim como os skates estão ligados no mundo a uma sub-cultura contrária aos valores do cristianismo. Sem que ninguém tivesse me dito qualquer coisa sobre isso, eu sabia que não podia ser um surfista de Cristo. Eu tinha apenas 14 anos e a igreja em que eu estava era liberal, mas a minha consciência regenerada me dizia que eu tinha que fazer a opção entre o surf ou Jesus.
        Jesus disse que tínhamos que nascer de novo. Exige-se uma mudança radical, uma quebra, uma ruptura. Sem negação do eu, sem arrependimento, sem cruz não há céu!

SOLI DEO GLORIA.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Ref. Dia 13.10.2016: A VERDADE A QUALQUER PREÇO

“O ANTIGO QUE SE FAZ NOVO”
Por: Rev . Glauco Barreira M. Filho
A VERDADE A QUALQUER PREÇO
“ Paz se possível, porém a verdade a qualquer preço!” (Martinho Lutero)
A palavra “verdade” hoje já não tem o impacto que já teve em dias pretéritos. As pessoas falam em “verdade subjetiva”, “verdade relativa”, etc. O perspectivismo que ensina que nem uma coisa é algo em si mesmo, mas pode se tornar em várias outras, dependendo da perspectiva de quem a considera, domina o mercado filosófico.

O homem comum subjugado pela mentalidade mundana não tem autoconsciência filosófica, desconhece os pressupostos teóricos que o influenciam. No entanto, ele perfilha com precisão o perspectivismo desenvolvido de modo temático pelo filósofo.
Dentro desse escopo, tudo é banal, trivial, superficial e sem valor. Não vale a pena apegar-se a nada.
Se desejarmos mudar as coisas, nós temos que influenciar a cosmovisão da sociedade, fazendo a apologia preliminar da existência de absolutos.
Pensar corretamente, todavia, não é apenas ter capacidade de explicar as coisas com acerto. A verdade deve ser racional e existencial. A verdade eterna que pregamos não atingirá outras pessoas se não determinar em nós um modo de vida congruente.
As pessoas que se dizem cristãs hoje escolhem uma “igreja” para se congregarem apenas baseadas em critérios pragmáticos como amizade, oportunidade, possibilidade de ascensão, etc. Não se preocupam com a verdade. Há crentes trocando igrejas bíblicas que se reúnem em pequenos templos por igrejas heréticas que tem amplo estacionamento, “estrutura” para a família e entretenimento para os filhos.
Agir em detrimento da verdade apesar de não negá-la abertamente parece ser algo que, à primeira vista, só tem efeitos privados ou pessoais. A pessoa, todavia, que age assim contribui para enfraquecer a idéia de verdade entre os homens, bem como para reproduzir e dar continuidade ao perspectivismo. Ela está contribuindo para que o mundo se torne mais mundo. Ela está deixando para os filhos aquela sociedade acerca da qual Jesus perguntou se nela ainda acharia fé.
Vamos amar a verdade e viver de acordo com ela. A. W. Tozer disse que desejava duas coisas na sua vida, ou seja, a verdade e a felicidade. No entanto, ele disse que se tivesse que escolher entre as duas, ele escolheria a verdade. Afinal de contas, ele teria muito tempo para ser feliz no céu!

SOLI DEO GLORIA.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Ref. Dia 12.10.2016: A PALAVRA EXPERIMENTAL

“O ANTIGO QUE SE FAZ NOVO”
Por: Rev . Glauco Barreira M. Filho
A PALAVRA EXPERIMENTAL
“...As palavras que eu vos disse são espírito e vida.” (João 6:63)

Uma das verdades imprescindíveis para as convicções evangélicas é a crença na Bíblia como única regra de fé e prática. Trata-se do chamado princípio formal da Reforma. Por ele se reconhece ao texto sagrado a qualidade de autoridade final em assuntos espirituais. A Bíblia é tida como infalível e inerrante, tendo sido inspirada verbalmente pelo Espírito Santo. Os reformadores e os anabatistas adotavam uma interpretação histórica e literal (mas não ingênua) da Bíblia, repudiando a interpretação alegórica que procurava conciliar a Palavra de Deus com a filosofia ou com uma pretensa tradição que ultrapassava a Escritura.
No século XIX, surgiu um movimento dentro do protestantismo que encaminhou um amplo segmento para a apostasia: o liberalismo teológico. Seus defensores queriam subordinar a Bíblia a  uma cosmovisão científica ou filosófica. Pertenceram ao liberalismo teólogos como Scheleirmacher, Bultmann e Paul Tilich. A partir daí, se começou a falar em protestantismo evangélico e protestantismo não evangélico (ou liberal). Os liberais nunca conheceram o real evangelho de Cristo, mas também é verdade que há muitos evangélicos que nunca tiveram uma genuína experiência de salvação. Os liberais se afastaram de Deus por divinizarem o intelecto, mas, também, muitos evangélicos divinizaram as emoções, confundindo a regeneração com uma experiência superficial.
A palavra de Cristo deve se tornar vida, e, com isso, revolucionar a história do homem. Deve mudar sua linguagem, vestimentas, hábitos, padrões, companhias, etc.
Não nos basta repetir as eloqüentes declarações de fé dos que nos antecederam no evangelho. Uma confissão de fé não é uma fórmula a ser memorizada, mas um testemunho vivo de um povo que foi desafiado a se manifestar acerca da fidelidade às suas convicções. A pergunta que se deve fazer não é se concordamos ou não com as confissões de fé dos antepassados, mas, sim, se podemos assumir aquelas confissões como sendo nossas, ou seja,  se a nossa experiência cristã nos permite concluir que aquilo é verdade.
A palavra deve se tornar experiência, deve vivificar, deve nos unir com os mártires e fiéis do passado. No cristianismo, não se valoriza apenas uma palavra, mas a Palavra que se fez carne.


SOLI DEO GLORIA.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Ref. Dia 11.10.2016: O QUE É MUNDANISMO?

O QUE É MUNDANISMO?
Por: Rev. Glauco Barreira M. Filho


“Pergunto-me se, em tempos de promiscuidade, muita virgindade não se perde menos em obediência a Vênus que em obediência à sedução da panelinha. Porque, é claro, quando a promiscuidade é a moda, os castos estão de fora.... E, no que diz respeito a questões mais leves, o número dos que fumaram pela primeira vez ou se embebedaram pela primeira vez pelo mesmo motivo talvez seja muito grande” (C. S. Lewis)


              Lewis, na citação acima, diz uma grande verdade. A maior causa da fornicação não é o desejo sexual, mas é a necessidade do homem de provar ao seu grupo a sua masculinidade, assim como a necessidade das mulheres de provar ao mundo que gozam dos “direitos” advindos da “revolução sexual”. Afinal de contas, é careta ser virgem num mundo promíscuo. Isso gera uma verdadeira “excomunhão”.
            A primeira relação sexual antes do casamento não deve ser boa. Deve ser acompanhada de culpa e nervosismo. De modo semelhante, acontece com o primeiro trago de cigarro ou o primeiro copo de bebida. O cigarro faz engasgar com a fumaça. A bebida amarga desce queimando a garganta. Apesar disso, as pessoas se submetem a tudo isso para agradar ao “mundo”.
            O mundanismo consiste basicamente nesse desejo de se submeter a “onda” para não ficar de fora, para não ser excluído. Ser crente não é só ter uma nova identidade em Cristo, mas é ter uma forte identidade em Cristo, pois é algo que nos faz nadar contra a correnteza.
            O mundanismo, porém, não está ligado apenas a comportamentos vis. Há muita coisa moralmente neutra e perigosa. C. S. Lewis disse: “Alguma coisa pode ser moralmente neutra e ainda assim o desejo por ela pode ser perigoso”.
            Imagine uma pessoa que gosta muito de música ou teatro. Sua igreja, por uma razão natural, já possui os seus músicos e, obviamente, não poderia ampliar o seu número indeterminadamente. De outro lado, podemos supor que a igreja entenda que, embora uma apresentação teatral seja interessante em alguns momentos para informar o povo acerca de episódios históricos e dramas humanos, não é a técnica bíblica de evangelização. Seria correto a pessoa sair dessa igreja para outra que atenda a essas demandas, mesmo sabendo de múltiplos erros doutrinários da outra?
            Há certas coisas que em si mesmas são pecaminosas. Há outras, porém, que, embora sendo lícitas, se tornam ilícitas por representarem uma inversão das prioridades devidas. O mundo é a sedução do inferior. É mundano todo aquele que troca o superior pelo inferior! 

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Ref. Dia 10.10.2016: A MORTE DO HOMEM

A MORTE DO HOMEM
Por: Rev. Glauco Barreira M. Filho

“O fato de que não posso evitar o mal que vem dos homens cujos princípios condeno não me obriga a ajudá-los ou aplaudi-los” (G. Groen Van Prinsterer)
       

      Nietzsche anunciou a “morte” de Deus no Ocidente, prognosticando a morte do homem como a sua consequência. O que o “profeta do nazismo” queria dizer era que a concepção ocidental de homem estava diretamente ligada ao teísmo.

      No Ocidente, a crença judaico-cristã na presença da imagem de Deus no homem teve muitas consequências. Do ponto de vista religioso, ela reconheceu a imortalidade da alma e a lei moral inscrita na consciência. Do ponto de vista filosófico, fez a diferença entre o homem e o animal ser qualitativa e não meramente quantitativa. No campo jurídico, possibilitou o desenvolvimento da idéia de dignidade da pessoa humana e dos direitos fundamentais.

      O declínio da influência cristã no Ocidente, chamada de “morte de Deus” por Nietzsche, está produzindo a “morte” do homem como conhecemos. O ser humano passa a ser visto como um fruto do acaso, da evolução seletiva. A sua distinção do animal passa a ser vista como quantitativa (maior complexidade) e não qualitativa. Dentro desse escopo, a alma fica reduzida ao cérebro e a liberdade se transforma em ilusão. A moral passa a ser vista como opressão e a livre expressão dos instintos passa a ser recomendada. Não há mais um motivo radical para se falar em dignidade da pessoa humana, enquanto os direitos fundamentais são considerados apenas uma criação da cultura ocidental.

     Com a morte da concepção cristã de homem, surge uma cultura de destruição. A filosofia vira desconstrutivismo, enquanto verdade e o bem perdem o seu significado. A vida humana é esvaziada de seu valor e o aborto juntamente com a eutanásia e o suicídio assistido passam a ser defendidos com ardor. Dietrich Bonhoeffer assistiu isso acontecer no nazismo e chamou esse processo de “nadificação”.

     O filósofo judeu Hans Jonas disse que a lei moral exige maior proteção para o mais fraco, observando que a vida humana é mais frágil nas fases seminal e terminal. Assim, o embrião e o velho são os que mais precisam de proteção. A atual sociedade, porém, tendo reduzido o humano ao nível animal, pode justificar, ao lado de Nietzsche, que o mais forte destrua o mais fraco, assim como o lobo faz com as ovelhas.

      Essa sociedade “nadificada” não se incomoda com contradições, pois a lógica também é vista como uma invenção ocidental ou um produto superável do percurso da evolução. Assim, as feministas defendem o aborto generalizado no Ocidente, mas combatem o aborto seletivo de crianças do sexo feminino no Oriente. Uma associação americana não vê contradição entre a sua apologia do aborto e o seu combate à matança de filhotes de foca. A Inglaterra não percebe que, ao descartar milhares de embriões humanos congelados, pratica um genocídio coletivo tão grave como os que aconteceram na Alemanha nazista e na África.

     Agora, os aleijados e deficientes são vistos como um peso social. Na Europa, o aborto eugênico tem sido praticado e crianças nascidas com certas anomalias têm sido sacrificadas impiedosamente ao nascer. Não é de admirar que nessa Europa decadente cresça também o tráfico de mulheres estrangeiras para a escravidão no mercado sexual, enquanto no Terceiro Mundo prolifera o trabalho escravo nas grandes fazendas.

    Heinrich Heine e Carl Jung anunciaram que o declínio do cristianismo na Alemanha despertaria o espírito bárbaro e pagão dos antigos germanos. Foi o que aconteceu através do nazismo. Hoje, nós vemos a televisão apresentar torneios de luta livre com os festejos da população. As lutas são muito mais violentas e sanguinárias que o boxe. Estamos vendo uma volta aos gladiadores do paganismo romano.

     Por fim, gostaria de falar dos esportes radicais, os quais fazem do perigo uma diversão, estimulando a adrenalina pela aproximação da desgraça. Aqui, devemos nos lembrar que Satanás tentou Jesus no deserto, convidando-o a pular de um lugar alto baseado na promessa de que os anjos não lhe permitiriam tropeçar em alguma pedra. Jesus, porém, respondeu: “Não tentarás ao Senhor, teu Deus!”.

     Nas “Memórias de Pickwick” de Charles Dickens, o sábio e bom Samuel Pickwick diz:

“- Meu amigo – disse Pickwick – eu adoro todas as competições desportivas, inofensivas e lícitas, onde não corra perigo a vida humana, que é o mais precioso dos dons”.

    Durante o nazismo, o teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer observou que os que defendiam na Alemanha a vida (dentro de uma visão humanitária) se aproximavam espontaneamente da igreja evangélica. Naquelas horas agonizantes, o cristianismo oferecia uma visão mais elevada de todos os homens.
      A nossa oração é para que os que defendem a dignidade da vida e da pessoa humana nesses dias vejam na aproximação com o cristianismo o caminho para fortalecer a sua própria posição!

Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho
Mestre em Direito Público (UFC)
Doutor em Sociologia (UFC)
Livre Docente em Filosofia (UVA)
Doutor em Ministério (Faculdade de Teologia Metodista Livre)
Pós-Graduado em Teologia Histórica e Dogmática (FAERPI)
Professor da UFC e Coordenador do Curso de Direito da Fametro
Professor da FTUFor e Diretor do Instituto Pietista de Cultura
Membro da Academia Cearense de Letras Jurídicas

Artigo publicado no blog: Cristianismo e Universidade, em 2012, de autoria do Prof.Dr. Glauco Barreira M. Filho
Link: http://cristianismoeuniversidade.blogspot.com.br/2012/03/morte-do-homem.html

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Ref. Dia 06.10.2016: O Profeta Malaquias e o Dízimo

O PROFETA MALAQUIAS E O DÍZIMO
por: REV. Glauco Barreira M. Filho

“... Tornai vós para mim, e eu tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis:  EM QUE HAVEMOS DE TORNAR? Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: EM QUE TE ROUBAMOS? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com MALDIÇÃO sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, VÓS, TODA A NAÇÃO. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na MINHA CASA, e depois FAZEI PROVA DE MIM, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma benção, que dela vos advenha a maior abastança. E, por cauda de VÓS, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o FRUTO DA TERRA; e a VIDE NO CAMPO não vos será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma TERRA DELEITOSA, diz o Senhor dos Exércitos” (Malaquias 3: 7-12)


Creio que o mandamento do dízimo é vigente em nossos dias, pois os que viveram antes de a lei de Moisés ser dada já davam o dízimo (Gênesis 14: 20; Gênesis 28: 22). Além disso, o dízimo foi confirmado (Mateus 23: 23) e prescrito no Novo testamento (Hebreus 7: 8).
            Não é, porém, com base no texto de Malaquias 3 que advogo o dízimo. Esse texto refere-se ao mandamento do dízimo como prescrito para Israel, daí as referências feitas à nação (“toda a nação”, “sereis terra deleitosa”), e nos termos da lei de Moisés.
            Só podemos citar Malaquias para falar do dízimo no Novo Testamento através de uma analogia, nunca por uma interpretação literal.
            Vejamos algumas observações sobre Malaquias 3 que evidenciam falsas interpretações que tem sido dadas hoje a esse texto:

1.    No versículo 7, Deus fala a Israel que a nação se afastou de vários mandamentos. Observa, porém, que ela não nota isso. No versículo 8, Deus diz que a nação lhe rouba por sonegar o dízimo, mas ela cinicamente demonstra desconhecimento do fato. É dentro desse contexto que a Bíblia diz que a nação está sob maldição. Quando Deus diz “fazei prova de mim”, Ele não está lançando um desafio financeiro, antes, está dizendo que, após a nação se corrigir e ver a maldição removida, ela perceberá que não vinha progredindo por causa da desobediência. O desafio é moral. É como se Deus dissesse: “Vocês acham que não estam pecando, então, me obedeçam. Quando vocês virem a benção, perceberão que estavam antes em pecado.”
2.    A promessa de benção não é individual, mas nacional (“sereis uma terra deleitosa”). A prosperidade era comunitária. Deus está prometendo colheitas fartas, dizendo que repreenderá o gafanhoto devorador para que não coma o fruto da terra e que não deixará a vide ser estéril. O produto dessa colheita era distribuído ENTRE todos. Todos tinham o NECESSÁRIO, enquanto a nação, como um todo, tinha uma grande benção.
3.    Deus não promete ouro ou prata (satisfação da vaidade), mas o fruto da terra e da vide, ou seja, o alimento (satisfação da necessidade)
4.    Deus diz para trazer dízimo para que haja mantimento em SUA CASA. No Antigo Testamento, a casa de Deus era um único lugar (o templo). Isso mostra, de modo análogo, que Deus não quer apenas que venhamos a dar o dízimo, mas, sim, que venhamos a dá-lo no lugar certo, ou seja, em uma igreja que guarda e prega a sã doutrina. Fora dela, a desobediência continua...