“E disse: Um certo homem tinha
dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda
que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias
depois, o filho mais novo, ajuntando tudo partiu para uma terra longínqua e ali
desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente...E caindo em si, disse:
....Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra
o céu e perante ti... Mas o pai disse aos seus servos:... porque este
meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado.” (Lucas
15: 11-24)
Uma das
grandes preocupações dos puritanos do século XVII era educar os filhos para
terem uma conversão genuína a Cristo. Eles procuravam fazer com que seus filhos
não tivessem falsas esperanças de conversão.
Os
puritanos educavam seus filhos para eles terem convicção de pecado e contrição,
de modo que, sentindo logo o horror de “pequenos” pecados, se refugiassem em
Cristo. Não criam que pudesse haver conversão verdadeira sem uma profunda
angústia pelos pecados, acompanhada de um profundo e reverente arrependimento
no qual fosse desvelada à fé as riquezas da graça transformadora de Deus.
A leitura do
livro “O Peregrino” mostra o cuidado de não se confundir moralidade com
conversão. Os puritanos preferiam que seus filhos ficassem no pecado por um
tempo para sentirem a necessidade de conversão do que se iludirem na igreja
pensando que eram crentes sem que o fossem. No filme “A Jornada”, há um momento
em que um sábio professor de teologia assusta seu interlocutor ao dizer que é
melhor deixar a pessoa no pecado até que sinta necessidade da graça do que
“afastar” a pessoa do pecado por uma moralidade que lhe dê vã esperança.
Hoje em dia,
nós vivemos em um período antagônico ao dos puritanos. Pais crentes pensam que
devem manter seus filhos na igreja a todo custo, sem se preocuparem com a sua
genuína conversão. Para atender a essa demanda do “mercado religioso”,
apareceram igrejas oferecendo toda sorte de entretenimentos. Além do clube do
Bolinha (departamento de homens) e do clube da Luluzinha (departamento
feminino), há o clube dos jovens e suas várias opções. Há uma quadra de futebol
nos fundos da igreja para quem quiser jogar bola, grupo de teatro para quem
quer ser artista, grupo de música (para quem quer ser estrela musical), grupo
de dança, etc. Além disso, há passeios, reuniões sociais e muito banquete. Tudo
dentro de um ambiente burguês com muita conversa oca, fotografias e gozações de
preletores que mais parecem animadores de auditório. Tudo isso para ninguém
(principalmente os jovens) sair da igreja.
Dentro dessa
conjuntura, muitos jovens crescem na igreja (bem ocupados!) e pensam que são
crentes. O prejuízo é eterno. Os pais não querem ter a vergonha de ter um filho
desviado fora da igreja, antes, preferem que estejam desviados dentro da
igreja. O grande problema é que esses jovens pensam que são crentes e não
procuram conversão. Todos os chamam de irmãos, os saúdam como cristãos, e
qualquer psicólogo ou sociólogo sabe que a pessoa costuma internalizar a
identidade socializada.
Até onde se
irá para “salvar” um filho? Vamos mudar de uma igreja bíblica para uma liberal,
de uma em que predomina a Palavra para uma onde predomina o entretenimento?.
Amanhã, a pessoa poderá estar indo para uma que celebra casamento de
homossexuais!
O pior de tudo
é que quando esses filhos se desviam ficam irrecuperáveis. Evangelizá-los não
funciona mais, pois pensam que já foram crentes de verdade (sem o ter sido) e
não acharão graça em voltar para onde estavam. Se permanecerem na igreja em
razão de uma ocupação (não por Cristo), os estaremos condenando ao inferno.
Sejamos
sensatos. Se um jovem não quer permanecer numa igreja fiel, mas preferir outra
em razão das oportunidades e entretenimentos, ele não é convertido.
Aprendamos a
lição dos puritanos: Ou os nossos filhos em idade de decisão ficam na igreja
por amor a Deus (e é nossa responsabilidade cultivar isso ao máximo) ou fiquem
nos seus pecados para sentirem o seu gosto de fel e se converterem. Não criemos
paliativos, não criemos alternativas intermediárias, não lhes criemos um
purgatório. São nossos filhos, por isso devemos pensar no que é melhor para a
alma deles. Não devemos procurar agrada-los nem a nós mesmo com aquilo que pode
condena-los ao inferno!
Pr. Glauco Barreira M. Filho
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