APÓSTATAS UNIVERSITÁRIOS
Por: Glauco Barreira M. Filho
Há muitas
pessoas que se dizem “crentes” até entrarem numa universidade ou ganharem algum
status cultural. A partir daí elas interpretam sua antiga “vida cristã” na
igreja como um período infantil no qual lhes faltava “maturidade”. Julgam que
estiveram na igreja em um período de “crise existencial”. Talvez até admitam
que, naquela época, a igreja lhes tenha dado algum conforto. Agora, porém,
“cresceram” e não precisam desse “paliativo” para os fracos.
Essas
pessoas se admiram de no passado terem crido nas afirmações do fundamentalismo
bíblico com tão poucas evidências. Talvez até ainda se considerem cristãs, mas
são liberais.
Essa
narrativa é velha e eu já estou acostumado com ela. Ela se refere não só a
simples membros de igreja, mas também a pastores que têm acesso a uma formação
acadêmica mais elevada. A existência, porém, de crentes bíblicos e ortodoxos
com elevada formação acadêmica e intelecto privilegiado prova que havia alguma
coisa errada com aqueles que apostataram da fé pelo “conhecimento”. Era algo
neles e não no evangelho que estava errado.
Richard
Baxter, pregador puritano do século XVII, explicou-nos o que acontece:
“Não
é simplesmente a fé mais confiante que se mostra sempre como a mais forte e
confirmada. Deve haver fundamentos e evidências seguras em suporte a esta
confiança; do contrário, tal confiança pode ser logo abalada, e acaba não sendo
sadia, mesmo que pareça não se abalar... É costume do diabo e dos seus
instrumentos enganadores mostrar aos novos convertidos as fraquezas dessas
evidências iniciais, e, então, levá-los a concluir que suas evidências de fé se
reduzem a nada; pois é muito fácil persuadir tais pessoas de que as verdades em
que creram não se baseiam em evidências tão sólidas assim, já que não
discerniram outras melhores. Por outro lado, paradoxalmente, os novos
convertidos são também facilmente levados a superestimarem seus conhecimentos,
como se não houvesse razões melhores para a verdade do que as que eles
alcançaram; e acham, assim, que as outras pessoas não têm tanto discernimento
quanto eles. Assim, algumas dessas pobres almas abandonam a verdade na qual
deveriam ser edificadas e confirmadas, e consideram como argumento contra a
verdade aquilo que é apenas uma prova da sua própria fraqueza.
“Eu
conheci pouquíssimas pessoas que se voltaram para alguma heresia ou seita, cuja
causa não tenha sido esta. Eles, a princípio, professavam a verdade, mas não
estavam alicerçados em razões seguras e firmes; eles a professavam firmados em
razões insuficientes. Então, ao se depararem com algum enganador, duvidaram dos
argumentos em que se firmavam, e então, não tendo razões melhores, abandonaram
a verdade, concluindo que tudo não passava de um engano... Um crente forte e
bem alicerçado, por outro lado, defenderia a verdade de Deus mesmo contra os
inimigos mais fortes e sagazes; ou, pelo menos, apegar-se-ia firmemente a ela.
”
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