“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que
sejais ignorantes. Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos,
conforme éreis guiados.” (I Cor. 12: 1, 2)
O
apóstolo Paulo procura explicar aos irmãos de Corinto que não devem se
comportar com os dons espirituais da mesma forma como se comportavam em relação
às manifestações demoníacas que acompanhavam o culto aos ídolos. Paulo explica
que, no tempo em que eram pagãos, eles tinham manifestações “conforme eram guiados”,
pois ficavam fora de si.
Documentos
antigos registram que os pagãos sapateavam em seus cultos (II Reis 18: 26), bem
como chiavam com a boca e os dentes (Isaías 8: 19, 20). Alguns em Corinto
queriam expressar seu entusiasmo espiritual reproduzindo cenas que antes lhes
eram comuns como pagãos. Paulo os repreendeu com veemência (I Cor. 12: 1, 2)
O
Rev. Robert McAlister contava um testemunho importante acerca de uma irmã que
saíra do espiritismo, a qual depois escreveu de seu próprio punho a sua autobiografia
espiritual. Ela havia se “convertido” do baixo espiritismo, mas não queria
perder a preeminência que tinha nos terreiros. Começou, então, a reproduzir as
manifestações da macumba com “roupagem evangélica”. Atraiu vários admiradores e
rivalizou em autoridade com o pastor. Depois, sob a orientação do Dr. Robert
McAlister, ela reconheceu seu erro, teve uma genuína conversão e foi buscar as
verdadeiras manifestações espirituais.
Há
certas expressões do que chamam de “mistérios” que parecem manifestações de
macumba. Acredito que ex-macumbeiros reproduziram essas manifestações no
interior de templos pentecostais e alguns resolveram imita-los para prejuízo do
evangelho.
Eu
me inquieto com a própria expressão “mistério” (= oculto, esotérico). Segundo a
Bíblia, Deus só permanece misterioso ao incrédulo pela sua dureza e ao crente
pela sua incompletude espiritual. Deus tem prazer em revelar-se. Jesus exultou
por aquilo que o Pai revelara aos pequeninos. Na testa da Babilônia, a falsa
religião, está escrita a palavra MISTÉRIO, conforme os registros do livro do
Apocalipse.
É
verdade que a Bíblia fala de pessoas que dançaram na presença do Senhor como
Davi (II Samuel 6: 14, 16; I Crônicas 15: 29), Miriã (Êxodo 15: 20) e um coxo
que foi curado (Atos 3: 8), mas examinemos o contexto. Em primeiro lugar, eles
não foram “tomados” pelo Espírito, mas se alegraram por um fato específico:
Davi pelo regresso da arca do Senhor, Miriã pela travessia do mar Vermelho, o
coxo pela cura obtida. Eles não sapatearam como se estivessem fora de si num
ritual estranho. Qualquer pessoa que os vissem perceberia em seus pulos uma
manifestação natural de alegria. A diferença entre eles e quem passou no
vestibular não estava na expressão externa, mas no motivo interno. Davi não
dançou com as “forças do Senhor”, mas com “suas forças” (II Samuel 6: 14).
Tanto é verdade que a alegria de Davi era consciente que ele tocava enquanto
dançava (I Crônicas 15: 29), assim Miriã o fez (Êxodo 15: 20). O coxo, por
outro lado, saltava como prova de sua cura. Ele entrou no templo para que todos
o vissem curado e louvou a Deus enquanto andava e saltava (Atos 2: 8). A
alegria interior era divina, mas a expressão era humana.
O
Espírito Santo respeita nossa personalidade. Atua conosco. Quando falamos em línguas,
somos nós que começamos a falar, pois o Espírito apenas nos concede que falemos (Atos 2: 4). Paulo diz que “os
espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (I Cor. 14: 32).
A
Bíblia é clara e por ela devemos nos guiar. Nossa regra de fé não é a
experiência, seja ela a nossa ou a de outros. Se buscarmos as coisas
espirituais fora dos limites da Palavra, o diabo nos enganará.
Na
carta a IGREJA de Tiatira, Jesus disse algo que jamais esperaríamos ser dito a
uma igreja:
“Mas eu vos digo a vós e aos
restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina e não
conheceram, como dizem, as profundezas (= mistérios) de Satanás, que carga vos
não porei.” (Apocalipse 2: 24).
Conheci
muitos homens de Deus. Entre eles, eu gostaria de mencionar três. O primeiro
foi o Pr. Robert McAlister. No meu singelo juízo, acho que ele fez muitas
concessões aos que estavam errados quando ficou muito famoso. No final da vida,
ele reparou isso. O fato, porém, é que nunca perdeu o bom senso nas coisas do
Espírito. Esse canadense foi considerado um dos maiores eruditos pentecostais,
foi respeitado mundialmente. Seus familiares participaram do avivamento Azusa,
o berço do pentecostalismo moderno. Ele participou da expulsão de demônios de
uma jovem nas Filipinas que foi o caso mais noticiado em todo o mundo. Veio ao
Brasil através de uma visão (a única que teve). Nela, Jesus lhe ordenou que
deixasse tudo e viesse para o Brasil. Preguei muito em sua igreja antes da sua
morte. Também preguei poucos meses após sua morte para mais de duas mil pessoas
que foram por ele lideradas. Naquela oportunidade, procurei falar sobre o Deus
da consolação. Lembro-me daquela multidão se levantar em lágrimas para
glorificar a Deus. O Dr. McAlister nunca aceitou os tais “mistérios”, mas os
atacava em suas pregações. Eu o vi pessoalmente repreender uma pessoa que quis
entrar no “mistério” na hora do culto. E nós estamos falando de um homem que
noticiou cem curas físicas em um único culto.
Outro
homem de Deus foi o Pr. Marciano. Ele foi cooperador direto do Pr. Manoel de
Melo. Esse último, conhecido pelas curas miraculosas, foi objeto de pesquisas
dos norte-americanos e até o papa quis ouvi-lo em Roma. O Pr. Manoel de Melo em
seu tempo áureo foi o maior fenômeno pentecostal do Brasil. Seu ministério
tornou-se notório a partir de um dia em que ele resolveu jejuar sozinho em um
quarto trancado. Lá, ele teve uma visão. O Pr. Marciano fazia questão de me
dizer que ele noticiava que fora a única visão que tivera em toda a vida. O Pr.
Marciano, por sua vez, foi usado na cura de várias pessoas. Ele me dizia que o
Pr. Manoel de Melo, extremamente moderado, não cria em sapateados esquisitos.
O
terceiro homem de Deus foi o irmão Saldanha. Também foi chamado em visão (só
teve uma) para pregar nas praças. Quando chamado para ser pastor, recusava,
alegando que fora chamado para ser pastor nas praças. Sobre ele, poderia contar
muitas histórias, tanto eu como o Pr. Marciano (que está na glória). Contarei
apenas uma. A esposa de um pastor metodista (eu a conheci pessoalmente) chorava
na praça por portar lepra. O irmão Saldanha disse-lhe algumas palavras e mandou
ela ir para casa, afirmando que estava curada. Encontrei-me com ela muitos anos
depois do acontecido (o irmão Saldanha já tinha partido). Ela ainda estava
pasma com o milagre. Sobre os “mistérios”, entretanto, o irmão Saldanha dizia
que era “molecagem”.
A
história de Moriá está marcada por profecias, palavras do conhecimento, curas,
etc. Já vi cego ver na hora, surdo-mudo ouvir e falar na hora, já vi paralítico
andar e muito mais, mas nunca acreditei nos “mistérios”.
Tenhamos
aqui cuidado para não errar. Pensemos como a Bíblia e como os genuínos homens
de Deus!
Pr. Glauco B. M. Filho
Estimado pr. Glauco, estou maravilhado com esse artigo. Louvado seja Deus por sua vida e ministério, que me inspira a seguir seu exemplo. Anseio por ter histórias tão gloriosas para contar um dia!
ResponderExcluirIr. Derlan
Maravhoso!
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